terça-feira, 22 de março de 2011

Cantata de paz de Sofia de Melo Breyner Anderson



Sofia de Melo Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919 e faleceu em Lisboa, 2 de Julho de 2004 foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

De origem dinamarquesa pelo lado paterno. O seu bisavô, Jan Heinrich Andresen, desembarcou um dia no Porto e nunca mais abandonou esta região, tendo o seu filho João Henrique comprado, em 1895, a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico do Porto. Como afirmou em entrevista, em 1993, essa quinta "foi um território fabuloso com uma grande e rica família servida por uma criadagem numerosa".


Criada na velha aristocracia portuense, educada nos valores tradicionais da moral cristã, foi dirigente de movimentos universitários católicos quando frequentava Filologia Clássica na Universidade de Lisboa (1936-39). Colaborou na revista Cadernos de Poesia, onde fez amizades com autores influentes e reconhecidos: Rui Cinatti e Jorge de Sena. Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal, apoiando o movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e os seus seguidores. Ficou célebre como canção de intervenção dos Católicos Progressistas a sua "Cantata da Paz", também conhecida e chamada pelo seu refrão: "Vemos, Ouvimos e Lemos. Não podemos ignorar!"


Foi poetisa, contista e escritora de livros infantis

Recebeu inúmeros prémios dos quais destaco:


* 1964 - Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, atribuído a Livro Sexto.

* 1977 - Prémio Teixeira de Pascoaes

* 1979 – Medalha de Verneil da Societé de Encouragement au Progrés, de França

* 1980 – Ordem Militar de Sant’Iago de Espada

* 1983 - Prémio da Crítica, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pelo conjunto da sua obra

* 1989 - Prémio D. Dinis, da Fundação da Casa de Mateus

* 1990 - Grande Prémio de Poesia Inasset / Inapa

* 1992 - Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças

* 1994 - Prémio cinquenta anos de Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores

* 1995 - Prémio Petrarca

* 1995 – Homenagem de Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, pelo cinquentenário da publicação do primeiro livro "Poesia"

* 1995 - Outubro – Placa de Honra do Prémio Fransesco Petrarca, Pádua, Itália

* 1996 - Homenageada do "Carrefour des Littératures", na IV Primavera Portuguesa de Bordéus e da Aquitânia

* 1998 - Prémio da Fundação Luís Miguel Nava

* 1999 - Prémio Camões (primeira mulher portuguesa a recebê-lo)

* 2000 - Prémio Rosalia de Castro, do Pen Clube Galego

* 2001 - Prémio Max Jacob Étranger

* 2003 - Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana.


Cantata de paz


Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar


Vemos, ouvimos e lemos

Relatórios da fome

O caminho da injustiça

A linguagem do terror


A bomba de Hiroshima

Vergonha de nós todos

Reduziu a cinzas

A carne das crianças


D'África e Vietname

Sobe a lamentação

Dos povos destruídos

Dos povos destroçados


Nada pode apagar

O concerto dos gritos

O nosso tempo é

Pecado organizado.

Fonte: Wikipédia

Sem comentários:

Enviar um comentário